Por Regis Tadeu
A esta altura da semana, você já deve ter visto uma das cenas mais degradantes dos últimos tempos na TV e na internet. Trata-se de uma cena – simulada ou não – em que uma garota desprovida de qualquer traço de inteligência e bom senso expôs sua lamentável figura em uma situação absurdamente vexatória no programa “Rock Estrada”, do Multishow, que abordou o cotidiano de uma banda de 19ª categoria chamada Strike. No vídeo, ela aparece bebendo uma mistura de suco, gelo e urina elaborada pelo baterista, um pateta que parece ter vários cromossomos a menos em seu DNA.
Nem vou discutir se a cena é verídica ou não – isso não importa. O que vale mesmo é a intenção de mostrar qual é o apreço que o artista ou quem quer que tenha uma banda demonstra em relação ao seu fã. Claro que há exceções, mas a grande maioria dos fãs é tratada exatamente como se vê no vídeo: com desprezo, arrogância e imbecilidade.
Filmada e desmoralizada em rede nacional, a garota pagou mais que um papel de trouxa. O que ela mostrou foi simplesmente uma completa falta de respeito para consigo mesma, uma atitude que é muito comum naquele tipo de fã histérica, que suporta ser tripudiada caso isso propicie uma maior proximidade com seu ídolo.
Claro que beber urina é pouco se comparado ao ato de ouvir uma única música dessa “bandeca” do início ao fim. Claro que cada um tem os ídolos que merece. Porém, de forma lamentável, essa garota – que parece não se importar com o que aconteceu, segundo averigüei – deixou claro que elo da corrente que liga uma banda ao seu público não passa de uma maneira de se divertir às custas da imbecilidade alheia. É como se o batera e seus companheiros cúmplices dissessem “é isto que vocês, que vão aos nossos shows e compram o nosso disco, merecem – um copo de mijo bem geladinho”.
E outra coisa: parte desse vexame também deve ser creditado ao diretor do tal programa. Ao permitir que tais imagens tenham ido ao ar, ele simplesmente demonstrou o que pensa a respeito do telespectador. Gostaria muito de saber qual seria a atitude do tal diretor se a garota em questão fosse a sua filha ou um parente de algum diretor da emissora…
Sinceramente, alguma coisa precisa ser feita. Caso contrário, teremos no futuro gerações inteiras de idiotas – uma olhada na comunidade da banda do Orkut dá uma boa ideia do que espera os seus filhos daqui a alguns anos. É de estarrecer os mais otimistas. A gente fica com vontade de defender a tese de que certas pessoas deveriam ser impedidas de se reproduzirem.
Tempos atrás, escrevi no Yahoo! um texto que causou certa indignação por parte justamente de uma massa de pessoas pouco pensantes, que não se conformaram em ver sua idolatria ser tratada como tintas racionais. Reproduzo abaixo uma parte desse texto, que cai bem a calhar nesta história toda:
Todo fã é um idiota<
Sim, é isso mesmo o que você acabou de ler aí no título deste artigo. Antes de tudo, é preciso deixar claro: fã é todo aquele ser que chora por seu ídolo, que coleciona pastas e pastas com fotos de seu objeto de desejo, que tem seu quarto forrado de pôsteres do alvo de seu fanatismo (palavra que, não à toa, originou o termo “fan” ou “fã”, dando uma ‘abrasileirada’), que chora na porta de camarim, que passa dias e dias na fila, esperando o momento de entrar no local onde acontecerá o show de seu “amor não correspondido”. Ou seja, é o retrato nu e cru, despido de qualquer racionalidade, de um idiota.
Se você é daquelas pessoas que adora o seu ídolo de uma maneira equilibrada, que aprecia o seu trabalho quando o cara manda bem, mas reconhece as pisadas na bola e os vacilos, então você não é um fã, mas sim um admirador. Você simplesmente gosta da banda ou de quem quer que seja. Você não o ama, não chora por ele, não grita, não se desespera quando um pedido de autógrafo é recusado, não pensa em cortar os pulsos quando recebe a notícia que seu “amor” vai se casar com uma outra pessoa que não é você. Você não é um fã. Você não é um imbecil.
E a verdade precisa ser dita, mesmo que ela seja muito dolorida para quem está lendo este artigo neste exato momento: o artista também acha que o seu fã é um idiota.
Ele sabe que esse amor desmedido é uma bobagem, um transtorno hormonal muito comum em adolescentes – embora sejam freqüentes os casos de pessoas mais velhas se portando como bobalhões (em caso de dúvida, vá até a porta de um hotel de luxo que esteja hospedando um artista internacional e veja com seus próprios olhos).
O artista quer que você compre o disco dele e vá aos shows, que demonstre explicitamente a sua devoção comprando a camiseta da turnê, a edição especial do CD que está sendo “trabalhado” na turnê, o chaveirinho, o imã de geladeira. Todo artista no fundo, pensa “me ame, me idolatre, compre todas as bugigangas que eu soltar no mercado, mas fique longe de mim”. Lamento, mas esta é a pura verdade.
Grande Regis!
É bom “ouvir” suas palavras….sempre leio seu textos na revista cover guitarra.
Com certeza o fanatismo por alguém ou algo, é algo que devia ser banido. Mas, fazer o que? Estamos num país onde temos fanáticos e abobados por estilos musicais duvidosos e que na semana seguinte vão ao lixo.
Bem vindo ao Brasil, onde funk pornográfico faz sucesso e inclui menores no sexo. Aqui é “cada um no seu quadrado”.
Lembrando sempre que existem excessões, o problema do fã parece ser uma praga do nosso tempo. O fã não está limitado a ser cego por uma banda ruim ou um estilo musical genérico e fabricado, mas temos fãs idiotas nos mais diferentes genêros musicias.
A turma do heavy metal só ouve este estilo senão deixa de ser um fã true. O povo que ouve jazz parece se limitar à ouvir músicas mais intrincadas e por aí vai.
O que fazer para o fã topeira perceber que existe coisa boa nos mais variados gêneros musicais? Este caso ainda deve ser mais fácil de solucionar, já o fã do strike e afins…
Precisamos de uns 50 Régis Tadeus descendo a lenha nas bandas ruins, em todos os canais de TV e em todos os horários pra fazer uma lavagem cerebral desfazendo a lavagem que já fizeram nestes fãs.
Valeu regis por sua causa conheci o trabalho solo de zakk wylde e rory galagher.Assim a gente fica bem longe de bandas como fresno e cine